A França está passando por uma severa onda de demissões que afeta desde grandes corporações até pequenos empreendimentos. Empresas renomadas como Auchan, Michelin e Sanofi anunciaram cortes significativos em seus quadros, refletindo uma crise que persiste desde 2023. Em outubro, foram registrados 52.214 processos de recuperação judicial, segundo o Conselho Nacional de Administradores Judiciais, sinalizando uma crise profunda em diversos setores como construção, comércio, automotivo e financeiro.
Impacto no Setor Automotivo e Pressões nas Pequenas e Médias Empresas O setor automotivo, que viu uma queda de 15% nas vendas em comparação ao período pré-pandemia, enfrenta desafios adicionais com altos custos de energia e normas ambientais rigorosas na Europa. Michelin, por exemplo, planeja fechar duas fábricas, resultando em 1.250 demissões. Paralelamente, pequenas e médias empresas, especialmente nos setores de construção e comércio, estão sob intensa pressão, com cerca de 150 mil empregos em risco. A maioria das empresas que enfrentam falência possui menos de dez funcionários, revelando a fragilidade desse segmento no mercado.
Fatores Estruturais e Econômicos Mathieu Plane, economista do Observatório Francês de Conjunturas Econômicas (OFCE), identifica duas causas principais para essa tendência preocupante: o fim do programa de “ajuda custe o que custar” que sustentava a economia durante a pandemia e o fim de um ciclo econômico que reduziu os incentivos para emprego de aprendizes e estagiários. Com a retirada do suporte estatal, muitas empresas que já estavam em dificuldades viram-se forçadas a reduzir ainda mais seus quadros. Além disso, espera-se que a taxa de desemprego na França suba para 8% em 2025, um aumento significativo em relação aos atuais 7,3%.
Desafios Específicos em Grandes Corporações Na Orange, as negociações estão em andamento para um plano de demissões voluntárias focado nos funcionários mais velhos, visando renovar a força de trabalho com jovens engenheiros. A proposta é que até 10.000 dos 65.000 empregados possam optar por um regime de tempo parcial antes da aposentadoria, o que tem gerado descontentamento entre os sindicatos. Na General Electric, os sindicatos de Montoir-de-Bretagne e Nantes convocaram uma paralisação para protestar contra a eliminação de 360 postos de trabalho nos setores especializados em energia eólica marítima.
Cenário Competitivo e a Crise no Varejo No varejo, a Gifi, uma rede de lojas de decoração e mobiliário a preços acessíveis, enfrenta dificuldades severas devido à concorrência de marcas como Action e Stokomani. A empresa busca novos financiamentos para sustentar suas operações diante de um mercado cada vez mais competitivo, onde até mesmo marcas consolidadas lutam para manter sua posição.
Esta série de demissões e reestruturações destaca uma crise estrutural na economia francesa, afetando todos os níveis do mercado de trabalho e sinalizando desafios significativos para o futuro econômico do país.
Fontes:
1.https://www.francetvinfo.fr/economie/commerce/clap-de-fin-pour-gifi-l-enseigne-de-decoration-et-d-ameublement-a-bas-prix-fait-face-a-une-rude-concurrence_6899621.html
2.https://www.francetvinfo.fr/economie/entreprises/les-syndicats-de-general-electric-appellent-les-salaries-de-montoir-de-bretagne-et-de-nantes-a-debrayer-jeudi-contre-des-suppressions-de-postes_6895469.html
3.https://www.francetvinfo.fr/economie/entreprises/orange-negocie-un-plan-de-departs-volontaires-dedies-aux-seniors-de-l-entreprise_6902765.html
4.https://www.tf1info.fr/economie/emploi-licenciements-michelin-auchan-ce-n-est-pas-un-hasard-du-calendrier-pourquoi-la-france-fait-elle-face-a-une-vague-de-plans-sociaux-2332859.html
5.https://www.france24.com/fr/france/20241105-les-groupes-fran%C3%A7ais-auchan-et-michelin-annoncent-des-milliers-de-suppressions-d-emplois
6.https://www.lemonde.fr/economie/article/2024/11/08/construction-commerce-automobile-la-france-menacee-par-une-vague-de-plans-sociaux_6382651_3234.html
